Júri de PM acusado de morte e estupro de sobrinho de 12 anos começa em Porto Alegre; caso foi reaberto por insistência da família
27/10/2025
(Foto: Reprodução) Caso Andrei: Júri marcado para hoje
O júri do policial militar da reserva acusado de ter estuprado e matado o sobrinho de 12 anos, em 2016, começou na manhã desta segunda-feira (27) em Porto Alegre. Jeverson Olmiro Lopes Goulart é réu por homicídio duplamente qualificado e por estupro de vulnerável. Ele responde em liberdade.
Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves foi encontrado morto com uma marca de tiro na testa em seu quarto. Na época, o caso foi investigado como possível suicídio e concluído pela Polícia Civil como acidente. O inquérito foi reaberto pelo Ministério Público após insistência de familiares do adolescente, especialmente a mãe de Andrei. A denúncia foi aceita em 2020.
O júri será realizado no Foro Central, e os trabalhos serão conduzidos pela juíza Anna Alice da Rosa Schuh, da 1ª Vara do Júri da Comarca da capital.
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Serão ouvidas cinco testemunhas de acusação. Entre elas, dois homens que afirmam ter sido vítimas de abuso sexual pelo réu. A defesa de Jeverson não arrolou testemunhas.
O réu está no Rio de Janeiro e vai acompanhar o julgamento por videoconferência. O g1 e a RBS TV entraram em contato com o advogado Edson Perlin, que não retornou até a mais recente atualização desta reportagem.
Manifestação de familiares de vítima antecede júri do Caso Andrei
Vítor Rosa/RBS TV
Relembre o caso
Andrei foi encontrado morto com um tiro em 30 de novembro de 2016, em seu quarto, em Porto Alegre. O caso foi investigado como possível suicídio, e concluído pela Polícia Civil como acidente.
Catia Goulart, mãe do menino e irmã de Jeverson, desconfiava da condução do inquérito e das provas colhidas na época. Após insistência da família, o caso foi reaberto pelo Ministério Público, que o denunciou por homicídio e estupro de vulnerável.
Em depoimento anterior, Jeverson disse que estava na casa da irmã há cerca de um mês, em visita à família, mas seria morador do Rio de Janeiro. Ele alegou que estava dormindo na cama de baixo do beliche quando, por volta das 2h, "acordou com o barulho de um disparo de arma de fogo e encontrou a vítima ensanguentada na cama de cima".
O tio da vítima sustentou que "alertou a todos os moradores sobre a presença da arma e a proibição de pegarem". Sobre a ausência de digitais, ele disse à Justiça que "lavou as mãos enquanto aguardava a perícia no apartamento, pois foi ao banheiro".
Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, de 12 anos, foi encontrado morto com um tiro
Divulgação/Ministério Público
Dia do crime
Catia saiu de casa por volta das 17h30 e Andrei disse que esperaria o tio para tomar chimarrão. Às 19h45, Jeverson confirmou que havia chegado. Quando a mãe retornou, às 23h20, notou que o filho não fez as brincadeiras costumeiras.
Conforme a declaração, ela foi dormir, mas, por volta das 2h, foi acordada pelo irmão dizendo que havia acontecido uma tragédia. Ela afirma que foi ao quarto e encontrou Andrei "deitado, tapado com coberta até o peito, com as mãos juntas, e viu que ele apresentava um ferimento na cabeça, da testa em direção à nuca". A auxiliar de enfermagem diz que verificou a temperatura corporal e constatou que o filho estava morto.
Segundo ela, Jeverson "andava de um lado a outro, dizendo que ouviu um estouro", e teria confessado que o sobrinho estava com sua arma.
A Brigada Militar (BM) foi chamada e chegou às 2h30. Conforme Catia, Jeverson teria falado a alguém que já estava confirmado o suicídio, e se dispôs a fazer o exame de pólvora nas mãos.
Catia desconfiou de diversos pontos na tese de suicídio apresentada pelo irmão. Um deles foi um bilhete, supostamente escrito por Andrei, em que o filho dizia: "Mãe, eu te amo, me enterre com a camisa do Grêmio".
Segundo ela, a caligrafia estava diferente, e a assinatura estava errada. Além disso, a nota foi encontrada depois do crime, e o papel utilizado seria de um caderno que estava em outro cômodo da casa.
Na época da denúncia do MP, a Polícia Civil informou que não pretendia que reabrir o inquérito.
Após insistência da mãe, ex-policial vira réu por morte do sobrinho em Porto Alegre
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